Segunda-feira, 4 de Junho de 2007

A paixão do capitão

 

 A paixão do capitão

"Espero transmitir toda a mística do clube aos meus novos companheiros".


Mostra-se muito feliz pela forma como a época finalizou mas teve dificuldades em engolir todos os maus bocados que a equipa atravessou no início da temporada. Todavia prefere recordar os momentos triunfantes do final da época e fazer planos para que tudo corra, da melhor forma, na temporada 2007/2008 que se avizinha.

Uma presença numa competição será mesmo um sonho que deseja ver concretizado. Reconhece isso quase como uma obrigação para com os adeptos do clube que o viu nascer e crescer desportivamente. Acima de tudo, pensa que o Vitória e a sua equipa de futebol necessitam, essencialmente, de estabilidade na temporada que se aproxima e que já está a ser preparada.

Nesta conversa que teve com Primeira Página, Flávio Meireles reviveu os últimos acontecimentos mas também estabeleceu algumas metas para um futuro próximo.

Foi o primeiro jogador a renovar e logo por mais 3 temporadas.
-Era minha intenção continuar no Vitória. Fiz quase todo o meu percurso desportivo neste clube. Estou muito ligado a esta casa. Não posso esquecer que se trata do clube do meu coração. Dum clube que eu gosto muito. Assim, juntou-se o útil ao agradável.

Admite, depois destas 3 temporadas, que será aqui que vai pendurar as chuteiras?

- Todavia espero que isso não seja logo no imediato. Portanto aguardo que este não seja o meu último contrato. Todavia gostava muito de terminar a minha carreira no Vitória. Até porque foi neste clube que a iniciei.

Sente que essa forte ligação ao Vitória (que atinge 14 anos) marcou profundamente a sua carreira?
- Sempre me senti identificado com o clube, com a cidade e com a massa associativa. Tento juntar isto tudo e dar a perceber aos outros jogadores, que aqui chegam, aquilo que realmente é o Vitória. Compete-me a mim e aos outros jogadores mais antigos fazer isso.

 

--- Momentos marcantes duma carreira ---

Certamente que viveu – aqui – muitos momentos de alegria mas também de tristeza. Esta subida acha que poderá ser considerado como o momento mais marcante da sua carreira?
- Certamente que sim. Pelas circunstâncias e porque terá sido, sem sombra de dúvida, uma época especialmente difícil e desgastante. Mais a nível psicológico. Depois de nos terem considerado como uma equipa que não ia subir, fizemos uma segunda volta a todos níveis excepcionais e conseguimos a subida. Naturalmente que isso nos deu uma enorme alegria.
Mas o Flávio já tinha vivido idêntica situação numa subida no Moreirense. Terá sido muito diferente. No ano do Moreirense já vinha doutra subida (da II Divisão para a II Liga).
- Tratava-se dum clube pequeno, modesto e não tínhamos tantas obrigações. Lembro-me, perfeitamente, que no Moreirense fizemos uma primeira volta também péssima mas depois fizemos uma segunda volta, a todos os níveis, extraordinária. Idêntica a esta segunda volta do Vitória. Não perdemos nenhum jogo e até fomos campeões nacionais. Foi saborosa mas duma maneira diferente. Porque se tratava dum clube que não tinha obrigação de subir de divisão. Enquanto que no Vitória tínhamos obrigação de subir! Fizemos uma primeira volta abaixo de todas as expectativas mas depois recuperamos, na segunda volta, duma forma fantástica. Havia pessoas que duvidavam do nosso valor e existia uma pressão muito grande ao nosso redor.
Naturalmente que isso nos deu o dobro da satisfação e nos deixou de consciência tranquila, com paz de espírito, sensação de dever cumprido e um alívio tremendo!

Chegou a ser um dos jogadores mais criticados. Revelou-se mesmo muito magoado.
- Isso aconteceu numa situação a quente e quando todos sentíamos necessidade de desabafar. Acontece muito no futebol. Também já tive oportunidade de explicar que, quando a equipa andava mal e jogava mal, não tínhamos muito argumentos para evitar que as pessoas não dissessem mal de nós. Todavia sentíamos que muitas dessas críticas eram injustas. Porque sentíamos que tínhamos valor para fazer mais. Acabamos por responder a essas situações mas isso aconteceu a quente e considero que tudo já passou.

--- Como se processou a subida ---

Considera que Manuel Cajuda terá sido um dos grandes obreiros da subida?
- Foi sem sombra de dúvidas o grande comandante deste barco! Apanhou a equipa numa fase muito complicada. Com a moral em baixo, sem confiança e psicologicamente afectada. Mas ele conseguiu dar uma volta nisso tudo. Deu-nos uma enorme motivação e uma força psicológica muito grande. Também fizemos um trabalho de campo muito bom. Logicamente que, sem ele, não sei se a nossa subida teria sido possível.

Admite que o trabalho tenha sido mais a nível psicológico?
- Naturalmente que foi. Nesse aspecto trabalhou muito bem. Foi muito forte e passou mensagens muito fortes para os jogadores. Fez-nos pensar na vida e no futuro. Isso foi super importante!

Quando sentiu que tinha chegado o momento da subida?
– Depois do jogo com o Portimonense. Quando vencemos por 6-0 e o Rio Ave perdeu em casa com o Gondomar. Nessa altura passamos para a frente. Faltavam apenas dois jogos e naturalmente que reconhecemos ser essa a nossa grande oportunidade e que não a podíamos desperdiçar.

--- Objectivos para a próxima temporada ---

Agora já se pensa na próxima época. O treinador e o presidente já falaram que os objectivos passam pela chegada às competições europeias. Acredita que existem condições para que isso aconteça?
– Acho que sim. O Vitória é um clube grande e nunca poderá pensar em lutar, apenas, pela manutenção. Com todo o respeito que tenho pelas equipas que lutam por esses objectivos, acho que o Vitória é grande demais para entrar nesse tipo de lutas. O importante, agora, será dar estabilidade a uma equipa que regressa ao primeiro escalão e depois vamos ao resto.
 

A direcção e a equipa técnica vão ter tempo para trabalhar e apresentar uma equipa competitiva. O clube merece que se lute pelos lugares da frente. Mesmo uma presença na Taça UEFA.
- Penso que sim. O Vitória obriga-nos a pensar nisso. Não podemos jogar para a manutenção ou por uma presença tranquila a meio da tabela classificativa. Temos de lutar pelos lugares da frente. Mas a instabilidade – muito grande – que vivemos nos últimos tempos também nos pode afectar. Todavia acredito que tenhamos uma temporada estável para jogarmos ao nível que habituamos os nossos adeptos.

Acha que na próxima época ainda poderá pairar o fantasma da descida?
- Depende da forma como a temporada começar. Se começarmos bem e duma forma forte, teremos força para ultrapassar essas preocupações. Todavia se começarmos mal e olhando ao passado recente. Naturalmente que será lógico que uma descida de divisão não se esquece dum dia para o outro. Vai custar a apagar nas nossas recordações. Mas nós não queremos que isso aconteça e acredito que não vai mesmo acontecer.

--- Os galões de capitão ---

Espera continuar como capitão da equipa?
- Será lógico que assim pense. Foi o primeiro ano que fui o capitão. Nas épocas anteriores apenas era sub-capitão. Logicamente que isso deixou-me muito orgulhoso. Gostaria de continuar até porque se trata dum clube que gosto muito. Foi aqui que me habituei a ter os meus ídolos e vê-los a capitanear esta equipa. Agora ver dois miúdos (Flávio e Moreno) a capitanear.

Deu-se bem nessa missão num ano que foi inicialmente muito complicado?
- Penso que o saldo foi positivo. Mas naturalmente que essa pergunta terá de ser feita aos meus companheiros de equipa. Tentei dar o meu melhor, exactamente como sempre faço.

Houve algum capitão do Vitória que o marcou?
– Recordo o mais recente, Cléber, porque era um grande capitão. Também me lembro do N'Dinga.

--- O primeiro a renovar contrato ---

Como capitão foi o primeiro a dar o exemplo. Porque foi o primeiro a renovar o contrato. Encantado?
– Considero que sim. A direcção fez questão que eu fosse o primeiro jogador a renovar. Isso deixou-me muito sensibilizado. Logicamente que considero ter sido uma atitude muito nobre da direcção. Fiquei muito satisfeito!

Mas solicitou que fosse recompensado em caso de regresso ao primeiro escalão. Isso aconteceu?
- Está tudo reajustado. Estou plenamente satisfeito. Todavia a promessa não tinha sido feita pela actual direcção. Mas cumpriram, na íntegra, com tudo aquilo que estava prometido. Até ao momento não faltaram com nada. 
 

--- Grande espírito de grupo ---

Manuel Cajuda muitas vezes referiu que uma das grandes armas deste Vitória, nesta fase final do campeonato, foi o espírito de grupo. Como capitão tinha obrigação de aglutinar todas as forças do grupo. Reconhece que isso foi importante?
- Sem sombra de dúvidas que isso foi mesmo muito importante. O grupo uniu-se de tal maneira que seria difícil, para algumas forças do exterior, derrubarem-nos. Tínhamos um ambiente extraordinário dentro do balneário. Todos sabíamos para onde tínhamos de caminhar. Mesmo aqueles que não jogavam ou que não foram muito utilizados. Todos tiveram um papel fundamental porque nunca baixaram os braços e davam confiança aos que jogavam. Foi essa, sem sombra de dúvidas, a maior vantagem que tivemos.

Está cá há muitos anos. Como define o que é o Vitória?
É um clube de paixão numa cidade bairrista! Uma cidade que respira Vitória.

 

 

 

MAM

 


 

 

 

Esta entrevista é parte integrante do jornal online Primeira Página, www.primeirapagina.pt

.
Muito obrigada ao Primeira Página pela simpatia ao disponibilizarem esta entrevista ao nosso Blog.
publicado por CláudiaBragança às 23:22
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Flávio Miguel Magalhães Sousa Meireles
Data de nascimento: 03/10/1976
Altura: 1,87m
Peso: 88 kg
Posição: Médio-defensivo
Número da camisola: 26
Nacionalidade: Portuguesa
Naturalidade: Ribeira de Pena
Residência: Guimarães

Trajectória:
1996/97: Moreirense
1997/98: Moreirense / Fafe
1998/2000: Fafe
2000/2003: Moreirense
Desde 2003: Vitória de Guimarães

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